Formação Espiritual para DJs – Rio de Janeiro

A paz de Nosso Senhor Jesus!

Neste sábado iniciou um novo projeto para DJs Católicos de todo Brasil: chamado Teruah, com formações espirituais mensais para os missionários da música eletrônica cristã, com o objetivo de instruir e aprofundar no conhecimento doutrinal e pastoral, esclarecendo as dúvidas e agregando valores do Evangelho a nossa vida pessoal, realizando assim uma renovação da nossa espiritualidade católica para ser verdadeiramente testemunhas de Cristo, com o auxílio do Espírito de Deus!

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Sabemos que nosso ministério chama muito a atenção da juventude, por ser um estilo musical que vem caindo no gosto atual dentro de nossas comunidades, portanto é preciso santificar este dom da discotecagem para que sirva sempre de instrumento de conversão, louvor e adoração ao Nosso Senhor Jesus!

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E como realizar a obra de Deus com este dom? Afinal, quais são os riscos que devemos evitar para não se perder o foco no Caminho, Verdade e Vida? Acompanhe um pouco desta aventura em Deus neste relato deste pequeno Dj de Cristo!

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E é aqui vemos o quanto somos pequenos e somente instrumentos da graça de Deus e que para ser discípulos é necessário sermos fiéis ao Mestre, na sua sabedoria divina, que se encontra integral e imaculada na Santa Mãe Igreja!

Somos nada sozinhos, precisamos de Deus, do seu Amor misericordioso e da força do seu Espírito Santo. E é através da mediação entre Deus e o homem, que se revela em Cristo, que cabe à Igreja.

É preciso ser fiel a Santa Igreja! Caminhar junto com seu Magistério que detêm o dom de nos auxiliar e esclarecer os Mistérios de Deus.

No documento CELAM (Conferência Episcopal Latino-Americana) realizada em Puebla (1979) nos confirma a lei da fidelidade em: fidelidade a Jesus Cristo, à Igreja, ao homem, com atitudes de amor!

E precisamos enfim também sermos comunidade fiel, que vive e celebra com os irmãos em Cristo o verdadeiro amor, nos sacramentos e nas atitudes do dia-a-dia.

Não há fidelidade a um sem o outro: Jesus, Igreja e Homem. E para quem está a frente de um ministério, seja qual for, é grande demais a responsabilidade do trabalho evangelizador onde devemos ser os primeiros a dar o exemplo desta lição de vida…

É uma luta a cada dia, a cada missão, a cada desafio…

Antes mesmo da diversão, da dança, das músicas, que também são parte do nosso ministério, vem o ENCONTRO PESSOAL com Jesus, a oração CONSTANTE, a preparação CONTINUA na formação, leitura diária da PALAVRA DE DEUS e a vivência do MISTÉRIO de Deus em COMUNIDADE.

Unidas essas características, vem de encontro com o significado deste projeto:

TERUAH: É uma aclamação poderosa a Deus, Senhor e Deus do Universo. Pode ser como o ecoar de um alarme que convoca o povo à luta ou como um som festivo, manifestação de jubilo e vitória. Este som, acompanhado de aclamações, é um grito religioso e guerreiro que proclama, na fé, e com antecipação, a vitória do Senhor.” (Nm 10, 1-9)

É então construir o Reino de Deus hoje e viver o sentido missionário do nosso batismo: anunciar a todos o Evangelho com nosso trabalho de evangelização!

E não tinha como iniciar de outra maneira melhor: com a Santa Missa presidida por Dom Luiz Henrique, na sede da Mitra Arquidiocesana do Rio de Janeiro.

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Agora que meu lado CATEQUISTA falou mais alto, fazendo desta introdução praticamente uma reflexão catequética, agora vou transcrever o objetivo oficial dos coordenadores:

O PROJETO TERUAH tem como objetivo resgatar o sentido de viver a experiência da partilha em comunidade durante as formações, agregando os valores de como a missão pode atingir de forma eficaz a juventude por meio da Graça do Espírito Santo de Deus e a importância de estar sempre em estado de missão e formação em prol de uma evangelização ousada, utilizando-se dos novos métodos e sua expressão. Esta formação visa principalmente expressar a linguagem pastoral da Igreja sobre os seus documentos, que regem as normas sobre o culto divino bem como a preservação da Liturgia e dos diversos artigos pastorais alusivos a missão e evangelização.

 

Projeto Teruah Djs

E para que se estabeleça este objetivo em Cristo, iniciamos este itinerário de fé e formação no dia 23 de Maio com a presença do bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Luiz Henrique, que após a Missa, apresentou um bate-papo sobre a Música Sacra e o Papa Pio X.

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Nesta primeira parte da nossa formação espiritual tratamos do “motu proprio” (normativa do papa por iniciativa própria) do Papa Pio X, que fala sobre as recomendações aos músicos em relação a Liturgia, assinado em 22 de novembro de 1903 (!!!), dia de Santa Cecília.

E mesmo um documento aparentemente muito antigo, vem nos trazer uma sabedoria e atualidade sobre os problemas que enfrentamos em nossas comunidades.

E veio logo a mente: e o que tem haver a música litúrgica com a música eletrônica?

É preciso primeiro conhecer a FINALIDADE da música para então entender como utilizar nosso dom para alcançar o OBJETIVO do nosso estilo musical.

Dom Luiz, utilizando o documento do Papa Pio X, então definiu como finalidade geral para a música é para dar Glória a Deus e para Santificação e Edificação dos fiéis.

E este sentido também retomado posteriormente pelo Concílio Vaticano II, no Capítulo IV da Sacrossanctum Concilium, vale muito a leitura para aprofundamento.

Vejamos a importância da Música Sacra na Liturgia, segundo o documento:

112. A tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte, sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto, constitui parte necessária ou integrante da Liturgia solene.

Não cessam de a enaltecer, quer a Sagrada Escritura (42), quer os Santos Padres e os Romanos Pontífices, que ainda recentemente, a começar em S. Pio X, vincaram com mais insistência a função ministerial da música sacra no culto divino.

A música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto mais intimamente unida estiver à acção litúrgica, quer como expressão delicada da oração, quer como factor de comunhão, quer como elemento de maior solenidade nas funções sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto divino todas as formas autênticas de arte, desde que dotadas das qualidades requeridas. (SACROSANCTUM CONCILIUM)

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É importante recordar, enfatizou Dom Luiz, a seguinte pergunta: o RITMO que se está sendo criado pode EVANGELIZAR?

Com este discernimento, a luz da Igreja e do seu Magistéio, é preciso SANTIFICAR o processo de criação da música, sendo que seu estilo, seja qual for, deve excluir-se tudo que é de origem na produção PROFANA (ou seja, que é estranho à religião ou não está de acordo com os preceitos religiosos), evitando-se paródias, melodias, imitação de artistas famosos e etc, pois remeterá a sua origem moderna e não espiritual, ao invés de cumprir sua função na Liturgia: levar a Deus.

A Música Moderna “foi inventada principalmente para uso profano, deverá vigiar-se com maior cuidado por que as composições musicais de estilo moderno, que se admitem na Igreja, não tenham coisa alguma de profana, não tenham reminiscências de motivos teatrais, e não sejam compostas, mesmo nas suas formas externas, sobre o andamento das composições profanas.” (Papa Pio X).

Importante ressaltar que é preciso QUALIDADE artística e uma UNIVERSALIDADE musical (que respeite a cultura e religiosidade da comunidade) para que sejam úteis em sua função ministerial, o descuido e falta de senso comum pode prejudicar todo o trabalho realizado.

Nas composições que utilizam o Texto Litúrgico muito cuidado pois “tem de ser cantado como se encontra nos livros aprovados, sem posposição ou alteração das palavras, sem repetições indevidas, sem deslocar as silabas, sempre de modo inteligível.” (Papa Pio X).

Por isso o Canto Gregoriano é reconhecidamente como modelo supremo da Música Sacra, “é por conseqüência o canto próprio da Igreja Romana, o único que ela herdou dos antigos Padres, que conservou cuidadosamente no decurso dos séculos em seus códigos litúrgicos e que, como seu, propõe diretamente aos fiéis, o qual estudos recentíssimos restituíram à sua integridade e pureza.” (Papa Pio X).

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Atenção também aos instrumentos utilizados, para que não sobreponham a VOZ, ao CANTO, o mais importante na Liturgia é a PALAVRA e não a melodia.

E redobrado cuidado quando servem em Banda ou vários instrumentos juntos, para que o lugar da música não seja destaque ou foco, mas sim como parte da Liturgia, que a auxilia e a complementa.

E por último alertou aos ministérios e bandas para que se tenha por igual bons equipamentos, tanto dos músicos como dos ministros da Palavra, pois deve-se sempre valorizar a Liturgia e não a música! E uma formação litúrgica e musical profunda e continuada.

Encerrada a apresentação do tema, microfone aberto para as perguntas dos participantes.

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No segundo momento de nossa formação uma palestra muito rica sobre “A música litúrgica na igreja“, com Márcio Nascimento, membro do conselho litúrgico do Regional Leste 1 (CNBB).

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Márcio Nascimento – Música e Liturgia

O termo Liturgia vem do grego, significa serviço (ação) do povo para o povo; e para nós cristãos a celebração do povo para Deus.

A música deve elevar a alma do fiel para o louvor e adoração a Deus, ou seja, complementar a Liturgia.

Salve Regina Gregoriano

O canto gregoriano é um gênero de música vocal monofônica, monódica (só uma melodia), não acompanhada, ou acompanhada apenas pela repetição da voz principal com o organum, com o ritmo livre e não medido, utilizada pelo ritual da liturgia católica romana, a ideia central do cantochão ocidental.

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O único acorde que não compõe o canto gregoriano é o chamado “som do diabolus”, conhecido por Trítono, é um intervalo entre alturas de duas notas musicais que possua exatamente três tons inteiros. O efeito denominado trítono consiste uma das mais complexas dissonâncias possíveis na música ocidental. O efeito do som é tenso e instável e considerado como o símbolo da dissonância, do desacordo, da discordância e rebelião, sendo ausente neste estilo musical – in absentia.

O músico católico deve se inspirar na estrutura do canto gregoriano pois é o modelo ideal.

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O Divino e o Profano

Retomando a reflexão de Dom Luiz e citando o Motu proprio de 1903 sobre Música Sacra, partilhamos sobre a diferença entre a música sacra e a secular (profana).

Para alimentar ainda mais nosso conhecimento, partilho uma pesquisa que realizei para aprofundar um pouco mais neste tema:

Se o critério de avaliação for o funcional, é possível fazermos distinção entre “Música Sacra” e “Música Litúrgica”: “Sacra” seria toda música cujo tema central, ou gênero, ou forma, tem como ponto de partida o ambiente religioso, utiliza textos religiosos ou da história da religião, mesmo que não tenha sido composta para qualquer igreja ou culto. “Litúrgicas” são apenas as músicas produzidas para algum culto, comprometidas com alguma liturgia, com o ambiente, com o cultuante e o cultuado. É “sacro”, por exemplo, mas não litúrgico, o oratório O Messias, de G. F. Handel, já que não foi composto para qualquer culto mas sim como peça de teatro; são “sacras”, ainda, as grandes “Missas”, os “Te Deum”, os “Magnificat” dos compositores do Classicismo ou do Romantismo, mas não obras litúrgicas, já que seus textos, apesar de natos em ambiente religioso, não foram compostas para qualquer culto, não têm características litúrgicas, antes as de espetáculos musicais para o teatro. Por outro lado, são “litúrgicos” os Prelúdios Corais e as Cantatas Sacras de J. S. Bach, por exemplo, ou as obras de outros tantos compositores que compunham para a liturgia dos cultos das igrejas onde trabalhavam, comprometidos com o ambiente cúltico, com a tradição e com a forma da cerimônia. De acordo com esse critério, portanto, nem toda música sacra é litúrgica. Como se pode perceber, definir música sacra não é tarefa tão simples quanto parece à primeira vista. Talvez devêssemos, antes, tentar conceituar o “sacro” – ou “sagrado” – e para isso, pensarmos em seu oposto, o “profano”. Distinguir sagrado e profano, porém, não é tarefa simples e para ela necessitamos buscar referências que nos ajudem a construir sobre bases sólidas. 

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Durkheim(1) diz que “Uma vez que a noção do sagrado é, no pensamento dos homens, sempre e por toda parte separada da noção do profano, porque concebemos entre elas uma espécie de vazio lógico, ao espírito repugna de forma irresistível o fato de as coisas correspondentes serem confundidas ou simplesmente postas em contato.” (p. 71). Ele vai mais longe ao afirmar que esse contato deixa seqüelas: “A coisa sagrada é, por excelência, aquela que o profano não deve, não pode impunemente tocar.” (p. 72). Trazer o profano para o sagrado demanda desse alguma mudança de característica: “Mas, além desse relacionamento ser sempre, por si mesmo, operação delicada que exige precauções e iniciação mais ou menos complicada, ela sequer é possível sem que o profano perca seus caracteres específicos, sem que ele próprio se torne sagrado em alguma medida e em algum grau.” (p. 72). Você já notou que canções sacras compostas nos ritmos mais populares, samba, rock, sertanejo, só são razoavelmente aceitos no ambiente litúrgico quando sofrem alguma alteração, ou em sua estrutura rítmica, ou em sua instrumentação, ou ainda na postura dos intérpretes? Novamente Durkheim: “Os dois gêneros não podem se aproximar e conservar ao mesmo tempo sua natureza própria.” (p. 72).

(1) DURKHEIM, Émile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Paulus, 1989.

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Instrumentos na Liturgia:

Admitido o órgão pelo Papa Pio X (1903).

Admitido violinos e outros instrumentos de arco pelo Papa Pio XX (1956).

E em 1964 a Constituição Conciliar Sacrossanctum Concilium (SC) trouxe a seguinte orientação no número 120:

No culto divino podem ser utilizados outros instrumentos, segundo o parecer e o consentimento da autoridade territorial competente, conforme o estabelecido nos arts. 22 § 2, 37 e 40, contanto que esses instrumentos sejam adequados ao uso sacro, ou possam a ele se adaptar, condigam com a dignidade do templo e favoreçam realmente a edificação dos fiéis.

Formação Musical

É importante inserir os neo-músicos na formação litúrgica e na vida cristã (encontro com Cristo e a vivência nos sacramentos) antes de tocar em uma celebração.

Sabemos da escassez de ministros da música, contudo não deve ser motivo para descuidar da preparação e estudo, para que o músico saiba exatamente onde está e o que está realizando. Vejamos a orientação da Igreja:

SC 115. Dê-se grande importância à formação e prática musical nos seminários, noviciados e casas de estudo de religiosos de ambos os sexos, bem como nos outros institutos e escolas católicas; para adquirir tal formação, os mestres indicados para ensinar música sacra sejam cuidadosamente preparados.

Recomenda-se a fundação, segundo as oportunidades, de Institutos superiores de música sacra.

Os músicos, os cantores, e principalmente as crianças, devem receber também uma verdadeira formação litúrgica.

Ao final partilhamos sobre algumas falhas comuns nos ministérios por falta de orientações ou formação musical. Felizmente, um momento tão divertido e rico em informações que não anotei nada! Mas como não lembro exatamente todos os tópicos e para evitar o erro, vou buscar com o palestrante para postar aqui 🙂

Resumindo: Dom Luiz Henrique foi riquíssimo em sua apresentação e o Márcio completou muito bem o tema proposto!

Cronograma do Projeto

Projeto Teruah Cronograma 2015

Olhando esta tabela acima se torna impossível não participar!

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Excelente início, enviado e abençoado pela Igreja, na pessoa de Dom Luiz e com deejays dispostos a servir a favor do Reino de Deus!

Deus abençoe nosso dom e missões e até a próxima!

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PS: O Rio de Janeiro continua lindo! (Foto da Baía de Botafogo pela manhã)

Catequista e Contabilista - Blogueiro

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